Da redação 9h21min. - No auge da guerra o terror dos campos de batalha alimentava sentimento de ódio em Joinville. Alemães e seus descendentes eram tratados como se fossem culpados pelo conflito já transformado em guerra mundial. Confirmando o que dizem os poetas, "o amor tudo vence", nesse clima aconteceu o casamento de uma irmã de Etelvino com um jovem de descendência alemã.

Nada seria capaz de reduzir o sentimento de tristeza que se apoderou da família desde a convocação de Etelvino para integrar o 2º Escalão da FEB - Força Expedicionária Brasileira. O tempo escoava rapidamente, a guerra no front italiano entre foças aliadas e o exército alemão aumentava de intensidade a cada dia;  a data de embarque, mesmo sem ser anunciada, podia estar próxima.  Etelvino sentia que se aproximava o dia da partida.

Sabia que sua entrada em combate não tardaria e sua volta á Pátria e á família era incerta, quase inacreditável, alimentando poucas esperanças em voltar a ver a noiva, tomou a decisão de casar. Com a aprovação das famílias o casamento foi realizado no dia 16 de dezembro de 1943. Sabia o jovem casal Etelvino e Dorvalina que a guerra os separaria, talvez para sempre. Mesmo assim viviam felizes, felicidade só seria interrompida no dia da partida.

Para os pais de Etelvino, Thomaz Silveira de Souza e Maria Francisca Vieira de Souza, o casamento do filho com Dorvalina Budal Arins, fortalecia os laços de amizade existente entre as duas famílias.   Maria, a mãe de Dorvalina era  irmã de Gustavo Sell, casado com Marina, irmã de Etelvino. Maria e Gustavo eram filhos de João e Lina Sell, casal com muitos filhos, todos amigos de Thomaz.

Poucos depois de completar quatro meses de união, chega o dia da partida. A Ordem de Embarque do Contingente Expedicionário - consta na continuação do Boletim n. 101, de 29 de abril de 1944, do 13 BC   "Deverão embarcar amanhã para Curitiba, pela R.V.P.S.C., fazendo parte  do 2º Escalão do Contingente Expedicionário deste corpo, as seguintes praças:" Seque-se a relação que começa com o nome do 3º Sargento  Francisco de Assis Soares. Etelvino Silveira de Souza, soldado n. 768, é o 24º nome da relação (A sigla R.V.P.S.C. significa a abreviação de Rede Viação Paraná Santa Catarina)

"As referidas praças deverão estar formadas às 6 horas da manhã, no dia do embarque, o 2º escalão sob o comando do 1º Ten. Alcides Santos  e o 3ºsob o comando do Cap. Rodolpho Ribeiro de Souza Filho, Oficiais esses que conduzirão seus respectivos escalões à estação, onde se encontram, à sua disposição, dois vagões para o transporte de seus homens."

O apito do trem naquela manhã de domingo, dia de 30 de abril, destruiu os sonhos de jovens soldados e cortou o coração de familiares e amigos que foram levar o seu adeus.

No próximo capítulo, as etapas percorridas pelo Expedicionário até o embarque para a Itália. Você também vai conhecer as alterações ocorridas na família após a partida de Etelvino. Será que vai prevalecer a sabedoria popular sobre o significado da invasão de formigas ?

62 BI/ No dia 28 de abril de 1944, 2 dias antes do embarque, pracinhas do 13 BC participam de lanche oferecido pela LBA - Legião Brasileira de Assistência

Ary Silveira de Souza - Editor do JI Online/